A Construção Social da Feminilidade: Um Estudo Através do Tempo
A feminilidade, em sua prática, constitui uma representação distorcida da mulher, mediada por
estereótipos de gênero. Embora uma pesquisa em dicionários ou na internet revele que o termo
é frequentemente definido como "caráter ou atitude feminina de uma mulher", a questão central
reside no fato de que essa definição carrega um significado intrinsecamente machista,
manifestando-se desde o nosso nascimento como fêmeas. Desde a infância, somos
condicionadas a associar a feminilidade não a uma expressão autêntica de caráter ou atitude,
mas sim a uma série de expectativas relacionadas à vestimenta, à submissão e à opressão que
enfrentamos em nossos contextos sociais.
É incongruente afirmar que as mulheres expressam uma "feminilidade natural", quando, na
realidade, o que se observa é a manifestação de normas impostas, que se distanciam do que
poderia ser considerado natural. A feminilidade, portanto, revela-se como uma construção social
opressiva, imposta desde o nascimento e frequentemente simbolizada por características como
delicadeza e fragilidade. Crescemos internalizando a ideia de que a feminilidade é uma parte
intrínseca de nossa essência, quando, na verdade, trata-se de uma construção social prejudicial,
sustentada pelo patriarcado e pelo capitalismo.
Quando não nos conformamos à feminilidade esperada, desafiamos diretamente esses dois
sistemas (patriarcado e capitalismo), além de questionar as expectativas masculinas. Uma
mulher que não se submete aos estereótipos de vulnerabilidade, inocência e submissão é
percebida como uma figura não manipulável, o que contraria os interesses do sistema patriarcal
e das dinâmicas de poder masculino. Assim, a desconstrução da feminilidade torna-se um
aspecto crucial da luta feminista. Ao desmantelar essas normas que nos vulnerabilizam, nos
aproximamos da autonomia sobre nossas vidas.
Além disso, romper com os papéis associados ao "ser mulher" não implica desvincular-se de
nossa essência ou características pessoais. Em vez disso, significa libertar-se de uma
feminilidade imposta, permitindo-nos reconectar com nossa autenticidade, livre de
interferências externas que nos aprisionam. Essa desconstrução é fundamental para que
possamos viver de maneira plena e autêntica, em consonância com nossa verdadeira identidade.
Autoras
Maria Dreher e Kelma Morgana