Como o resultado das eleições municipais de Nova York, mostra o desejo de um futuro progressista
Zohran Mamdani, candidato do partido Democrata, com 34 anos de idade, tornou-se o
primeiro prefeito muçulmano da história da cidade, não sendo este um acontecimento
insignificante na política local e norte-americana. Mamdani derrotou Andrew Cuomo,
ex-governador do estado de Nova York e apoiado por bilionários, em uma eleição
observada globalmente como um referendo sobre a presidência de Donald Trump em seu
segundo mandato, uma vez que Cuomo é um protagonista notório dentro do controle
político estadual.
Foi uma disputa difícil e refletiu o estado político de hoje. O comparecimento maciço de
eleitores em Nova York foi um fator fundamental dessa vitória, já que aproximadamente
metade dos estados norte-americanos também realizaram suas eleições naquele mesmo
dia, podendo isso ter influenciado os resultados no âmbito corporativo e nacional.
A batalha eleitoral em Nova York é monstruosa. Os eleitores têm que se registrar antes, e
as urnas permanecem abertas das 6h às 21h no dia da eleição. O voto antecipado foi
realizado entre 25 de outubro e 2 de novembro, para que o maior número de pessoas
pudesse exercer seu direito ao voto.
Com a vitória de Mamdani, os democratas firmaram-se na cidade, garantindo uma vitória
histórica que pode ter repercussões mais amplas para as eleições futuras e a dinâmica
política do país. Zohran Mamdani, novo conselheiro de Nova York, recebeu a oposição
malsana de mega doadores. Eles foram os maiores financiadores da campanha do
adversário, Andrew Cuomo, que é ex-governador do estado. Entre alguns dos nomes mais
notáveis estão Bill Ackman, Ronald Lauder, William Lauder, Barry Diller e Dan Loeb, que
deram somas significativas de dinheiro para tentar barrar a popular candidatura à
Assembleia de Mamdani, que se descreve como um socialista do Partido Democrata.
A influência dos bilionários nas eleições políticas é considerada um risco significativo à
democracia por diversas razões. Primordialmente, a concentração de riqueza permite que
um pequeno grupo de indivíduos exerça uma influência desproporcional sobre o processo
político. Esse cenário leva à preocupação de que a agenda política se torne cada vez mais
alinhada aos interesses de um punhado de mega-ricos, em detrimento das necessidades e
vozes da população em geral. Em campanhas eleitorais, os ricos podem usar seus recursos
financeiros não apenas para apoiar candidatos, mas também para moldar o discurso público
e as prioridades políticas. Isso contribui para uma “erosão” da representatividade
democrática, uma vez que políticos e partidos podem priorizar os interesses dos doadores
em vez das necessidades de seus constituintes.
Durante a campanha, foi informado que no mínimo 26 bilionários fizeram doações a grupos
que disputavam contra a candidatura Mamdani, revelando uma significativa luta financeira
contra seu nome. Apesar desses desafios financeiros, Mamdani foi capaz de atrair apoio e
mobilizar jovens eleitores, o que acabou sendo crucial para sua histórica vitória. Essa
dinâmica de financiamento eleitoral destacou como a influência financeira pode impactar
campanhas políticas, particularmente em uma corrida tão acirrada quanto a de Nova York,
onde a presença de bilionários na política tem sido um tema recorrente. A vitória de
Mamdani, uma reviravolta dramática na política de Nova York, pode ter implicações mais
amplas, pois reflete uma nova geração de líderes progressistas desafiando o status quo.
A ascensão de Mamdani, um socialista democrático, reflete uma crescente aceitação de
políticas progressistas e a capacidade de mobilizar os jovens e outros segmentos do
eleitorado, o que pode inspirar movimentos similares no Brasil.
A presença de bilionários que investem fortemente em campanhas de oposição, como em
Nova York, também faz parte do contexto. Poderiam encontrar um paralelismo nas
tentativas de certos grupos financeiros de moldar a política por meio de doações
abundantes a candidatos que promovem agendas conservadoras, provocando reflexões
sobre a integridade do processo eleitoral. Por outro lado, a decisão dos eleitores de Nova
York de escolher um candidato que se mostra abertamente contrário ao regime republicano,
poderia ressoar no Brasil. A eleição de Mamdani poderia animar partidos progressistas e
políticos a adotar uma plataforma mais audaciosa, desafiando a narrativa tradicionalmente
conservadora e buscando um maior compromisso com a base.
Finalmente, o fato de que a candidatura de Mamdani tenha sido marcada por uma
mobilização juvenil indica que uma maior atenção às preocupações desse eleitorado pode
também ser uma estratégia vencedora no Brasil. Temas como desigualdade social, justiça
econômica e mudanças climáticas são prioridades para muitos jovens eleitores, e voltar a
se mobilizar como tal em novas campanhas ou eleições poderia modificar o panorama
político brasileiro.
A recente vitória de Zohran Mamdani nas primárias para a prefeitura de Nova York
representa múltiplas incertezas para os opositores, especialmente para aqueles que se
alinham com o presidente Donald Trump e seus partidários, pode incentivar outros
candidatos progressistas em todo o país, potencialmente alterando o equilíbrio político que
tem favorecido os conservadores até agora.
Além disso, a intimidação e as ameaças de Trump de cortar fundos federais a Nova York
mostram como há uma guerra interna no Partido Republicano. A oposição poderia até estar
submetida a maiores pressões de alguns de seus próprios integrantes, o desejo de se
distanciar da linha agressiva e polarizante que representa Trump.
A ascensão de Mamdani e sua capacidade de mobilizar apoio em questões
contemporâneas prementes, como desigualdade social e justiça econômica, desafia a
agenda da oposição, que muitos veem como desconectada das preocupações do dia a dia
das pessoas. Isso pode levar a um ponto em que a oposição tenha que repensar seus
projetos e estratégias para reconquistar a confiança dos eleitores. A reação imediata de
Mamdani após a vitória, na qual destacou a determinação de Nova York para desafiar a
retórica de Trump, sugere que a confrontação será claramente política e que a oposição
poderá ser obrigada a inovar ou, caso contrário, se tornar uma facção marginal. O problema
é que a ameaça não se configura somente no nível local em Nova York, podendo até
mesmo ganhar espaço em nível estadual e nacional, com candidatos como Mamdani
alcançando sucesso que poderia inspirar reviravoltas em outros lugares e outras eleições.
Autora
Maria Dreher